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terça-feira, 17 de setembro de 2013

O sonho de Kant e a Paz Perpétua.

Immanuel Kant.
Immanuel Kant foi um dos maiores filósofos já conhecidos pela humanidade. Escreveu diversas obras, dentre elas, a Crítica da Razão Pura, Critica da Razão Prática e Crítica do Juízo. No primeiro livro ele busca unir o cada vez mais popular empirismo com o racionalismo, ressuscitando assim a metafísica na filosofia. No segundo ele tenta, a partir da razão pura instalada no primeiro livro, tratar de ética ao enunciar o imperativo categórico como a maior norma ética possível. No ultimo livro, Kant analisa a estética desenvolve o conceito de complacência (capacidade de um objeto causar deleite), esta capacidade estava intimamente relacionada com capacidade daquele objeto de corresponder às expectativas do sujeito. Enfim, metafisíca, ética e estética: o que é verdadeiro ou falso, certo ou errado, belo ou feio. Eis as perguntas que Kant tentou responder. Talvez ele não conhecia o segredo de Pitágoras (link aqui).

Entretanto, não resumir a obra de Kant o que pretendo com esta postagem, até mesmo por que isso seria por demais pretensioso e improvável. O que pretendo aqui é justamente falar sobre este sonho que motivou Kant. Este foi o mesmo sonho que motivou Einstein a desenvolver a teoria da relatividade, ou Leonardo da Vinci a produzir todas as suas pinturas, e projetos de engenharia. Enfim, o mesmo sonho que motivou diversos filósofos, cientistas e livres-pensadores ao redor do mundo, durante todos estes tempos. É o sonho do Uno, de comunhão com o cósmico, de descobrir um possível código oculto na natureza. É uma busca esotérica, espiritual, quase religiosa. Este é o desejo da metafísica que nasceu com Platão e seu mito da carverna e renasceu com Kant e sua razão pura.

Mas o sonho de Kant não se limitava à área do conhecimento e da filosofia. Kant tinha posicionamento político (não a política partidária, restrita e passageira) ele sonhava com uma realidade política perfeita (assim como Platão idealizou em "A República"). Uma realidade em que a razão teria mais influência do que o poder. Uma realidade que ele chamou de "Paz Perpétua". Entretanto, diferentemente de Platão, Kant não só idealizou essa sociedade como dirimiu meios para alcançá-la. Em seu livro, ele estabelece seis princípios preliminares e três definitivos para esta alcançar esta paz. Os três princípios definitivos são:

Primeiro: A constituição civil de cada estado deve ser republicana.
Segundo: O direito das gentes devem ser fundados sob um federalismo de estados livres
Terceiro: O direito cosmopolita deve ser limitado às condições da hospitalidade universal.

No primeiro caso, deve-se destacar que o termo "republicano" se refere muito mais aos princípio republicanos de aversão ao absolutismo e limitação entre poderes. Sendo mais correto neste caso o termo democracia. Vale notar que desde a publicação deste livro os movimentos políticos tenderam à este republicanismo como ocorreu na revolução francesa com os europeus derrubando monarquias absolutistas, os latino-americanos conquistando a independência, mais tarde a descolonização da Ásia e da África e, finalmente com a Primavera Árabe.

No segundo caso, Kant faz uma referência à uma federação mundial reunindo todas as nações. Primeiramente, esta federação deveria ser política, como foi a Liga das Nações (1920), para mais tarde  ganhar um aspecto mais pacifista (obviamente com um corpo militar), como deveria ser a ONU (1945).  No terceiro caso, o que Kant consideram como "hospitalidade universal" é o direito de ir e vir de qualquer cidadão do mundo. Um cidadão não deveria ser obrigado a morrer no país em que nasceu. Para ele, o mundo não deveria ter fronteiras e todos os povos deveriam aprender a receber uns aos outros. Neste caso, este ideal ainda é o mais longe de se realizar.

A obra de Kant  evidentemente inspirou muitos dos nossos líderes mundiais, a Paz Perpétua é uma realidade que está sendo construída, vagarosamente, mas está. A globalização e a Nova Ordem Mundial são coisas já presentes na nossa vida e no nosso dia-a-dia (vejam a postagem da semana passada. Link aqui). Não podemos prever até onde ela vai chegar e nem se as pessoas que a estão construindo só querem utilizar a paz e o bem-estar como desculpas para promover a concentração do poder. Só podemos esperar que as suas motivações tão verdadeiras e altruístas como a destes filósofos e pensadores pacifistas.

PS: dá pra perceber que Kant se omitiu sobre temas como pobreza e exploração econômica. Isso porque Kant era um filósofo iluminista e estes filósofos não estavam muito preocupados com estes problemas, ou sejam, eram demasiadamente liberais. Entretanto, esses problemas não passam desapercebidos pelos organismos internacionais. Herança do Marxismo que, embora falido politicamente, não faliu ideologicamente. 
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