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terça-feira, 9 de julho de 2013

Tudo pela Terra Prometida.

Israel em vermelho, o mais próximo que eles conseguiram chegar em laranja e Eretz Israel, a terra prometida, em amarelo.
Toda pessoa que é Cristã já deve ter se perguntado pelo menos uma vez: como o cristianismo conseguiu converter tantas pessoas de tão diversas culturas ao longo do tempo, mas não conseguiu converter nem mesmo os Judeus, seu próprio povo? Bem, a resposta disso não é simples, envolve diversas interpretações sobre uma série de profecias realizadas no antigo testamento, especialmente por Isaías, bem como sobre a descendência ou não de de Jesus com relação a Davi. Mas o ponto principal não é este. O fato é que a mensagem cristã, iniciada por Jesus, é muito diferente, da mensagem deixada por Abraão e Moisés e vou discorrer o por quê.

A terra prometida.
A identidade do povo judeu está intimamente ligada com Israel, a terra prometida. Segundo as tradições bíblicas, Deus, ao ver que os descendentes de Noé voltaram a pecar, decidiu fazer uma aliança com um deles, Abraão (ao invés de matar todo mundo afogado como tinha feito da última vez). Assim, Deus disse a Abraão: "À tua descendência, tenho dado esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates" (Gênesis 15:18). O problema é que até hoje ele ainda nunca cumpriu a promessa 100%. O mais próximo que chegou a isso foi quando ajudou Moisés a levar o povo judeu do Egito para Israel e depois, com Davi, a conquistar a posse da terra que estava nas mãos de vários outros povos gentios. Depois de Davi veio a época de ouro do povo Judeu com o reinado de Salomão, a construção do templo e etc.

A era romana.
Mas a festa acabou quando os romanos chegaram. Como era de costume durante o império romano, o exército chegava nas cidades e massacravam o povo inteiro, levava os guerreiros vencidos como escravos, e estupravam as mulheres deles. Quem não quisesse ser massacrado, estuprado ou escravizado, tinha que pagar um imposto. E era isso que os judeus faziam. Claro que numa época tão difícil como essa, inúmeras profecias sobre um messias que iria salvar o povo judeu fora realizada, as principais delas por Isaías, até que esse messias finalmente chega: Jesus de Nazaré. E o que esperam o seu povo desse messias? O mesmo que fizera Moisés e Davi, libertasse o povo judeu da dominação que estavam sofrendo, desta vez pelos romanos, e cumprisse a promessa que Deus fizera a Abraão.

A mensagem de Jesus.
Entretanto, Jesus não estava muito interessado em pegar em armas, não. Nem em reconquistar Israel. A mensagem de Jesus é extremamente pacifista, metafísica, espiritual e, porque não dizer, neoplatônica (afinal, o novo testamento nem em hebraico fora escrito e sim em grego). Para ele, a terra prometida não era um espaço físico na Terra e sim o paraíso ao lado de Deus. "O meu reino não é deste mundo" (João 18:36). Além disso, a salvação proposta por Jesus não estava no pertencimento a um povo em particular, mas na imortalidade da alma de qualquer um que fosse. "Pois já não podem mais morrer; pois são iguais aos anjos, e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição" (Lucas 20:36). A rigorosa lei de Moisés, com mais de 613 mandamentos foi reduzida para apenas dois deles. "Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo". (Lucas 10:27) E, por fim, nem mesmo dos impostos pagos aos romanos os judeus deveriam se abster. "Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" (Lucas 20:25).

Cristianismo e os interesses  romanos.
É óbvio que tamanha revolução e diferença dessa mensagem para com a tradição judaica, não iria ser bem recebida. Não, pelo menos, pelas tribos mais tradicionais e conservadoras (Fariseus e Saduceus). Por outro lado, essa mensagem caia como uma luva aos interesses romanos, afinal, bastava trabalhar, pagar os impostos, serem escravizados, enfim, sofrer todas as privações na Terra e ser recompensado com o paraíso e a vida eterna depois da morte. Talvez tenha sido por isso que Pilatos lavou as mãos ao crucificar Jesus e jogou toda a culpa no seu próprio povo. Como se não bastasse, A Igreja Cristã ainda iria se identificar como Católica Apostólica (e, vejam só) Romana. Aliás, essa mensagem continua caindo como uma luva para muita gente afim de "aliviar o sofrimento" do povo. (Apesar de que, como Lula diz, o pobre agora quer receber aqui na Terra e não mais no céu).

Essa história ainda não chegou ao fim.
O sofrimento dos Judeus não terminava ai. Quinhentos anos depois do Cristianismo ainda iria surgir o Islamismo dizendo-se também herdeiros de Abraão e, portanto, de Israel (pelo menos os cristãos não estavam muito interessados na terra prometida). Até hoje, árabes e israelenses disputam Israel. Os judeus ainda foram acusados (sendo verdade ou não) de todos os tipos de conspiração, por todos os tipos de povos até chegar ao cúmulo do Holocausto nazista que ainda é negado por muitos. Interessante notar o valor que os Judeus dão à paz. A forma usual de cumprimento que eles fazem é Shallom, paz em hebraico. Mas também não sejamos ingênuos, afinal, essa paz só será aceita por eles, quando Deus tiver cumprido sua promessa, ou seja, quando eles tiverem a posse total e segura de Eretz Israel.

Enquanto árabes e israelenses ficam brigando pela terra prometida, os cristãos vão vivendo a vida, esperando a redenção pela ressurreição. Da próxima vez que virmos os noticiário sobre o oriente médio, poderemos entender (ou não) a razão por tanta guerra e ódio: tudo pela religião, tudo pela terra prometida! Queria saber como é que Deus está assistindo a tudo isso!
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