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| Jesus e seguidores eram essênios? |
Manuscritos do mar morto.
Em 1947, um pastor beduíno descobriu uns manuscritos dentro de uma
caverna perto do Mar Morto, enquanto procurava por uma ovelha que havia se
desgarrado do seu rebanho. Esses manuscritos foram chamados de Manuscritos do
Mar Morto, e se tratavam de textos do velho testamento, alguns livros apócrifos
e manuais de conduta da tribo que os escreveu, para muitos, os essênios. Os
manuscritos são datados de mais ou menos 200 anos a.c. até 70 anos d.c., ou
seja, muito próximo do período em que Jesus teria vivido. Dentre as suas
contribuições, está, para muitos, a confirmação da antiguidade e fidedignidade
de algumas traduções do antigo testamento, e, para alguns, na confirmação da
existência de uma tribo judaica com costumes bastante diferentes da maioria dos
judeus da época, os essênios.
Na verdade, é muito difícil dizer necessariamente o que continha nestes manuscritos porque o governo israelense os comprou (na época por US$ 250.000,00) e os mantêm em sua maior parte confidenciais (será que justamente a parte que fala dos essênios?), sendo que algumas partes deles está disponibilizada na internet (link aqui). Apesar dessas dificuldades, a verdade é que a comprovação da existência da seita dos essênios não depende apenas de tais manuscritos, pois muitos historiadores romanos e judeus, confirmam sua existência, inclusive na localidade onde os manuscritos foram descobertos. Mas que foram esse povo? O que eles faziam? Em que eles acreditavam?
Os essênios.
Na época em que Jesus viveu, haviam três principais grupos de judeus: Os saduceus (sacerdotes, homens da lei e judeus ricos), fariseus
(o grupo mais numerosa) e os essênios (um grupo messiânico). Essênio é uma
palavra derivada do hebraico "Hassidim" que significa piedosos.
Segundo a maioria dos historiadores, o essênios eram um povo com estilo de vida
quase franciscano. Alguns eram celibatários, outros não, a maioria cultuava uma
vida sem muitas riquezas e longe dos desejos mundanos, além disso eram
vegetarianos e cultuavam uma boa convivência com os animais.
A seguir, temos um trecho do "Guerra Judaica", livro do historiador judeu Flávio Josefo, datada do século I: "Têm a fama de cultivar a gravidade, são judeus de nascimento, e ligam-se por uma afeição mútua, maior que a de quaisquer outros. Estes homens rejeitam os prazeres como um pecado e põem a virtude na disciplina rigorosa e na resistência às paixões. Se, por um lado desdenham do casamento, por outro adotam crianças de outrem em tenra idade, sobretudo quando são aptas para os estudos; têm-nas como se fossem sua própria família e formam-nas segundo os seus costumes. Sem condenar o casamento nem a procriação que dele se segue, acautelam-se da desvergonha das mulheres e convencem-se que nenhuma guarda fidelidade a um único marido. Entre estes desdenhadores das riquezas, reina um maravilhoso espírito de partilha e de modo nenhum se encontrará entre eles quem ultrapasse os outros em fortuna, porque é de regra que aqueles que entram na seita abandonem os seus bens à ordem, de tal modo que em nenhum deles se vê a abjecção da miséria ou a infatuação da riqueza, enquanto os bens de cada um são misturados numa só fortuna ao serviço de todos, como entre irmãos”.
Jesus Cristo.
Quem ainda não viu nenhuma semelhança entre Jesus Cristo e a tribo
dos essênios então vale destacar algumas coisas: assim como os essênios, Jesus
era judeu de nascença mas se uniu à outras pessoas numa espécie de
peregrinação. Assim, como os essênios, Jesus era celibatário já que não havia
se casado. Muito embora não tinha filhos, Jesus também "adotara"
as crianças assim como os essênios. "Deixai
os meninos, e não os estorveis de vir a mim; porque dos tais é o reino dos
céus."(Matheus 19:14). Assim, como os essênios, Jesus também
considerava o adultério um pecado secundário."Aquele que de entre vós
está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela" (João
8:7). Assim, como os essênios, Jesus também pregava uma vida simples e
desapegada de bens materiais."vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos
pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, toma a cruz, e segue-me". (Marcos 10:21). Além de todas essas passagens, vale
destacar que nos evangelhos, apesar de não se mencionar os essênios, toda vez
que se falavam dos saduceus ou dos fariseus, estes eram colocados na terceira
pessoa.
Mas, a questão é: qual é o problema de Jesus ter sido essênio? Qual é a novidade nisso? A questão é que, além de tudo isso que falamos, os essênios também eram uma seita que acreditava na imortalidade da alma. Eles eram bastante esotéricos e, segundo alguns, vegetarianos e reencarnacionistas. Dessa forma, o cristianismo primitivo seria muito mais místico e espiritualista do que aquele que nos foi passado por séculos de tradição católica. Mas será que isso realmente teria fundamento bíblico? Possivelmente sim, afinal, o apogeu do cristianismo não foi justamente a sua ressurreição? Não foi para isso que ele veio? Para provar que a morte não é o final? E que não somos apenas seres materiais mas também, espirituais? Afinal, o que ocorrerá conosco é ressurreição (como nosso corpo atual) ou reencarnação (com um outro corpo)? A visão que os apóstolos tiveram de Jesus após a sua crucificação era dele ressuscitado ou era o seu espírito desencarnado? Se o cristianismo era reencarnacionista, porque essa ideia se perdeu com o tempo? Essas perguntas não têm uma resposta clara na Bíblia mas acredito que poderíamos tratar dela em uma outra postagem.
