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quinta-feira, 20 de junho de 2013

Panteísmo X Espiritismo.

Para o panteísmo, criador, criação e criatura são as mesmas coisas.
Panteísmo.
Na primeira postagem deste blog, falei sobre as diversas formas de Teísmos que existem. Uma delas, o Panteísmo, diz que Deus não só criou todo o Universo como ele é o próprio Universo. Criatura e criador seriam, assim, a mesma coisa. O Panteísmo é a crença principal de algumas seitas, religiões ocultistas e até mesmo alguns cientistas, quando estes dizem cultuar a natureza ou quando estes não são ateus. O panteísmo é muitas vezes criticado como uma forma de ateísmo velado, afinal, dizer que tudo é Deus e que Deus não é nada não seria tão diferente assim. De todo modo, o panteísmo pode cair como uma luva para muitas religiões espiritualistas e vou explicar o por quê. Mas antes, vamos ver como o espiritismo encara esse tipo de Teísmo.

Allan Kardec.
Quando Allan Kardec pergunta aos Espíritos da codificação se Deus seria a junção de todas as inteligências do Universo reunidas, encontra a seguinte resposta: "Se fosse assim, Deus não existiria, porquanto seria efeito e não causa. Ele não pode ser ao mesmo tempo uma e outra coisa" (Pergunta 14). Mais à frente, Kardec indaga sobre o que se deve pensar da doutrina Panteísta e recebe a seguinte resposta: "Não podendo fazer-se Deus, o homem que ao menos ser uma parte de Deus" (Pergunta 15). Essas respostas deixam claro que os Espíritos da codificação não aceitaram o panteísmo, entretanto, chega a hora de responder por que, na minha opinião, o panteísmo é mais adequado à maioria das religiões espiritualistas.

Espiritualismo e panteísmo.
Como se sabe, as religiões espiritualistas, incluindo-se aí: Budismo, Espiritismo, Hinduísmo, as religiões africanas como Candoblé e Umbanda e até o Judaismo em sua vertente esotérica (a Cabala), acreditam na existência da alma (espirito encarnada), reencarnação, e evolução espiritual. Este é um ponto em comum em todas essas religiões. Entretanto, se Deus cria essas almas imperfeitas, legando-as o direito de evoluírem por seus próprios méritos, qual seria o estágio final dessa evolução? Essa pergunta não passou desapercebida por Kardec que recebeu como resposta: "Há muitas coisas que não compreendeis, porque tendes limitada a inteligência. Isso porém não é razão para que repilais. O filho não compreende tudo o que a seu pai é compreensível, nem o ignorante tudo o que o sábio aprende. Dizemos que a existência do espírito não tem fim. É tudo o que agora podemos dizer". (Pergunta 83).

O mistério dos espíritos.
Fica claro, na minha opinião, que os Espíritos da codificação tentaram evitar este assunto, por considerar inapropriado às circunstâncias da época, mas não evitou dizer que, muito embora tivemos começo, não teremos fim. Em outras religiões espiritualistas, a resposta é mais clara: estamos destinados à perfeição. Ora, o que é perfeito e eterno não pode ser outra coisa senão Deus. Por sua vez, não tem como admitirmos nossa natureza evolutiva e entendermos que essa evolução tem um ponto final abaixo do infinito e perfeito. Se assim fosse, não seria evolução. Allan Kardec fez a parte dele, perguntou o que tinha que ser perguntado. Entretanto, na minha opinião, os Espíritos da codificação não responderam à pergunta por que se respondesse teria que admitir a validade da doutrina panteísta e, então, cairiam em contradição.

A resposta dos espíritas.
Numa palestra espírita, fiz essa colocação e recebi a seguinte resposta: a diferença entre o Panteísmo e o Espiritismo é que no primeiro caso, a doutrina admite um retorno da nossa Alma a Deus, e no Espiritismo não. Assim, Deus não seria um Ser/Entidade mas um Princípio/Causa Primária. Nós seríamos Ser/Entidade que decorreria de Deus e, portanto, numa categoria diferente. Deus é Eterno (Foi, É e sempre Será) e Imutável, nós somos Imortais (Somos e sempre Seremos, mas nem sempre Fomos) e Mutáveis. Na minha opinião isso deixa claro que, muito embora o espiritismo não conceba o Panteísmo, ela também não se filiaria ao monoteísmo mais clássico. Seria então uma espécie intermediária entre um e outro? Enfim, acho que a questão ainda fica um pouco em aberto...

PS: Segundo os Prolegômenos do Livro dos Espíritos, os Espíritos da codificação foram: São João Evangelista, Santo Agostinho, São vicente de Paulo, São Luis, o Espírito de Verdade, Sócrates, Platão, Fénelon, Franklin, Swedenborg, etc. etc. 
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